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8 DE SETEMBRO

 

London Underground 


HOJE, SÓ DUAS PERGUNTAS


- Quando o ministro dos Negócios Estrangeiros dos EUA tem esta expressão e suspira profundamente quando o presidente conta a sua versão dos factos e anuncia as suas intenções, será que devemos preocupar-nos ou poderemos dormir descansados?

 

Março de 2014,  após a anexação da Crimeia - Senado: "Temos de ajudar o povo ucraniano"

Rubio Campaign Press Release
Rubio recordou aos senadores que em 1994 a Ucrânia tinha acordado abdicar do seu arsenal nuclear em troca da garantia de segurança por parte dos EUA, do Reino Unido e da Rússia, alertando que a recusa em defender Kiev poderia levar outros países vulneráveis ​​a reconsiderar a nuclearização.

"Acredito que o que primeiramente e mais importante precisamos fazer é ajudar o povo ucraniano e o Governo interino da Ucrânia a proteger a soberania da sua nação. Penso que a mensagem que isto está a enviar a muitas nações do mundo é que talvez já não possamos contar com as promessas de segurança feitas pelo mundo livre, isto tem implicações em todo o mundo". 

 

Outubro de 2015: "Putin será tratado pelo que é: um gangster e um bandido"- Campanha presidenciais 2016

"Assim que assumir o cargo, agirei rapidamente para aumentar a pressão sobre Moscovo. Sob a minha administração, não haverá súplicas para reuniões com Vladimir Putin. Ele será tratado pelo que é: um gangster e um bandido."

 

Janeiro de 2017: "Será Putin um criminoso de guerra?" - audição de confirmação de Tillerson,

Depois das eleições de 2016, Trump nomeou Rex Tillerson, ex-CEO da ExxonMobil, como secretário de Estado. Durante a audição de Tillerson, Rubio questionou o nomeado

Rubio: "Será Valdimir Putin um criminoso de guerra?".
Tillerson: "Eu não usaria esse termo"
Rubio: "Não deveria ser difícil dizer que Vladimir Putin é um criminoso de guerra e acho desanimador a sua incapacidade de citar isto, que acredito ser globalmente aceite".


Março de 2022: "Apoiaremos os ucranianos enquanto estiverem dispostos a lutar"- MSNBC.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, Rubio pediu ao governo de Biden que transmitisse uma mensagem contundente sobre o apoio a Kiev.

"Não importa o que aconteça, precisamos sempre de ter um Estado ucraniano real e legítimo com o qual tenhamos uma relação Temos de começar a dizer abertamente que os apoiaremos enquanto estiverem dispostos a lutar, mesmo que seja apenas uma insurgência."

 

Rubio, Secretário de Estado na segunda administração Trump 

Fevereiro de 2025: ‘Acho que Zelenskyy devia pedir desculpa por desperdiçar o nosso tempo’- W.H.

“Não havia necessidade de Zelensky entrar e tornar-se antagónico. Acho que ele devia pedir desculpa por estar a fazer-nos perder o nosso tempo com uma reunião que ia terminar daquela forma.”
Quando Kaitlan Collins (CNN), lembrou Rubio de que ele atacou Putin como sendo um “criminoso de guerra”, ele respondeu:
“Neste momento, como secretário de Estado, o meu trabalho para o presidente é trazer a paz, pôr fim a este conflito e a esta guerra... Penso que devemos estar muito orgulhosos e felizes por termos um presidente cujo principal objectivo não é entrar em guerras, mas sim preveni-las e sair delas.”

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2ª pergunta:  Rubio aflige-se, suspira, tem plena consciência da catastrófica política internacional de Trump, não só com a Ucrânia/Rússia mas com a Europa, com Israel, com a Índia,  com a China... agora nem a Coreia do Sul escapa.  Por que não se demite? Para não ser substituído por alguém pior? Poderia ser SE não se vergasse a tudo o que lhe é exigido; Por que se verga Rubio?



ETHOS DE GUERRA



 Sem limites, sem prudência, sem legalidade, sem decoro, sem integridade.


Há dias que o Capitólio sob pressão para fornecer uma justificação legal para o ataque, e assassinato sem precedentes, de 11 alegados traficantes de droga pelo exército dos EUA. De onde veio a informação? Como identificaram o pequeno barco? Qual a razão por que foi usada força letal contra civis?  Trump  contornado os legisladores e fornecido uma salada de justificações perante as câmaras sem responder às  sérias questões sobre a legalidade do ataque, segundo especialistas jurídicos e membros do Congresso.

Na sexta-feira o Departamento de Defesa - nesse dia renomeado "Departamento de Guerra" pelo presidente, embora só o Congresso tenha o poder de o fazer -  cancelou abruptamente os briefings confidenciais que deveria fornecer a vários comités do Congresso e do Senado. Parlamentares e funcionários esperavam colocar questões às autoridades sobre a justificação legal para o ataque e obter detalhes básicos como qual a unidade militar que conduziu o ataque, que tipo de munições foram utilizadas, o tipo de recolha de informações que levou à determinação das identidades e intenções das pessoas a bordo.

Os responsáveis ​​governamentais têm argumentado que as 11 pessoas na lancha que os EUA fizeram explodir em águas internacionais nas Caraíbas eram alvos militares legítimos, eram membros de um gangue criminoso venezuelano, o Tren de Aragua, que Stephen Miller classificou como uma organização terrorista. 

Miller é vice-chefe de gabinete na Casa Branca e conselheiro dilecto de Trump; não foi eleito, não tem responsabilidades atribuídas, não tem legitimidade alguma para classificar seja que organização for como terrorista - classificação que aliás obedece a parâmetros claramente estabelecidos na lei internacional

«Nicolás Maduro é um traficante de droga indiciado portanto, é um cartel de droga que governa a Venezuela. Este é um ponto muito importante. Não é um governo, é um cartel de droga. Durante gerações, utilizámos as nossas forças armadas em ações contra terroristas no Médio Oriente e em África, deixando ilesos os terroristas no nosso hemisfério, responsáveis por muito mais mortes de americanos.»

Miller é provavelmente a mais tenebrosa figura à beira de Trump, batendo mesmo aos pontos o desabrigado Steve Bannon, mas não é estúpido, sabe perfeitamente que, em termos legais, é necessário -ou, nesta altura do campeonato, apenas de "bom tom" - justificar o arbitrário ataque a uma lancha civil. A designação de "grupo terrorista" é uma tentativa esperta, mas insuficiente

Em 2001, o Congresso deliberou explicitamente que os EUA estavam em guerra com a Al-Qaeda, classificando-a oficialmente como combatentes que os EUA têm permissão legal para matar, tanto pela legislação nacional como internacional. Tal não ocorreu com o Tren de Aragua. A designação do grupo como organização terrorista estrangeira pela legislação americana confere ao presidente a autoridade para impor sanções financeiras e legais, mas não autoriza o uso de força letal.Em 2001, o Congresso deliberou explicitamente que os EUA estavam em guerra com a Al-Qaeda, classificando-a oficialmente como combatentes que os EUA têm permissão legal para matar, tanto pela legislação nacional como internacional. Tal não ocorreu com o Tren de Aragua. A designação do grupo como organização terrorista estrangeira pela legislação americana confere ao presidente a autoridade para impor sanções financeiras e legais, mas não autoriza o uso de força letal.
O presidente tem a autoridade, ao abrigo do artigo II da Constituição, de usar a força militar quando é do interesse nacional e quando não constitua "guerra" no sentido constitucional, o que exige uma autorização do Congresso. Governos anteriores interpretaram estes padrões de forma bastante ampla especialmente na guerra contra a Al-Qaeda, o ISIS e outros grupos terroristas islâmicos; MAS eram reconhecidamente "Grupos Terroristas" reconhecidos internacionalmente com provas dadas e largamente divulgadas. 
A equipe de Trump alegou que, neste caso, o presidente estava a exercer os poderes inerentes ao artigo II. 
Está bem... ao abrigo de que provas e informações? E por que não comunica esses dados ao Congresso, bem pelo contrário, cancela os briefings confidenciais?

 Este poder exige que o presidente estabeleça que os seus alvos são alvos militares legítimos, que devem ser tratados como combatentes, tanto pelo direito internacional como pelo nacional. Membros dos cartéis e traficantes de droga têm sido tradicionalmente tratados como criminosos nos devidos processos legais, não como combatentes inimigos

A polémica foi tanta em torno da legalidade, e consequências, deste ataque letal que, na sexta-feira, Trump enviou uma carta ao speaker do Congresso e ao presidente pro-tempore do Senado, notificando formalmente o Congresso sobre o ataque, mas não ofereceu detalhes nem  listou Tren de Aragua nominalmente como alvo, apenas fez a vaga alegação da sua autoridade ao abrigo do Artigo II.

Brian Finucane, ex-advogado do Departamento de Estado especializado em questões de "poderes no âmbito de guerra", destacou a admissão de Rubio, secretário (ministro) do Departamento de Estado, de que o barco poderia ter sido interceptado em vez de destruído — como sempre foi feito no passado — mas  o presidente ordenou um ataque letal como primeira opção, não como última.

 Um antigo advogado do Pentágono que deixou o Governo nos últimos meses, disse: «Qualquer argumento remotamente plausível a favor da autoridade inerente do comandante-chefe para tomar medidas militares exigiria a demonstração de que não há alternativa à força letal. Para reivindicar uma ação defensiva tem de se estabelecer que foi necessária e proporcional. Há uma palavra para o assassinato premeditado de pessoas fora do contexto de um conflito armado...»

O professor Michael Becker, do Trinity College Dublin, disse à "BBC Verify" que as acções norte-americanas "expandem o significado do termo (organização terrorista) para além do seu limite".

«O facto de as autoridades norte-americanas descreverem os indivíduos mortos pelo ataque como narco-terroristas não os transforma em alvos militares legítimos. Os EUA não estão envolvidos num conflito armado com a Venezuela ou com a organização criminosa Tren de Aragua. O ataque não só parece ter violado a proibição do uso da força, como viola o direito à vida, previsto no direito internacional dos direitos humanos.»

O professor Moffett afirmou que o uso da força neste caso pode ser equiparado a uma "morte arbitrária extrajudicial" e "uma violação fundamental dos direitos humanos". 
«Rotular todos como terroristas não os torna alvos legítimos e permite aos Estados contornar o direito internacional». In BBC News

O direito internacional proíbe o assassinato deliberado de civis, mesmo no contexto de um conflito armado. O direito interno, por sua vez, proíbe assassinatos unilaterais e premeditados de alvos não militares. 

Ainda na sexta-feira, no Salão Oval, Trump foi questionado sobre o que aconteceria se os jactos venezuelanos voltassem a sobrevoar embarcações norte-americanas.
Trump olhou para o general ao seu lado e disse-lhe: «Podem fazer o que quiserem, se a situação se agravar façam o que quiserem» 

Assim falou o presidente dos Estados Unidos, o Comandante em Chefe das Forças Armadas - «Façam o que quiserem». 

Isto é suposto ser tido como "normal"?

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Não me passa pela cabeça defender Maduro, por todas as razões que assistem quem é, o que faz e quem apoia e mais a primeira: Maduro falsificou os resultados eleitorais e usurpou a presidência.( Trump deverá ter uma profunda compreensão sobre os motivos que levam alguém a cair tão baixo para se elevar acima do que é e representa).
A questão não é Maduro, nem os carteis de droga nem nada do que possa ser evocado por Trump e sus muchaxos.

A questão é primeiro prática e depois futura; 
Na prática, Trump precisa de uma distração, popular e mediática, uma que resulte perante o Capitólio e os diversos governos federados. Uma que afaste da ordem do dia as contestações, exigências e ilegalidades que vem praticando descaradamente, diariamente. As tropas nas ruas, as ameaças aos governadores e juízes, o desrespeito pelas normas e avisos do Banco Federal e, por último mas não em último, a exigência, popular e do Congresso, de publicação da totalidade dos dossiers Epstein... Aquilo que será, sobre todas as coisas gravíssimas e inconfessáveis que tem feito, a "morte do artista" .

Mais. Num futuro que se vai aproximando mês a mês, Trump precisa da iminência de um estado de guerra, uma que possa ser activada ao primeiro sinal de necessidade, qualquer uma lhe serve desde que não esteja em conflito com os seus interesses pessoais; a Venezuela dá jeito: está perto, é  militarmente frágil, a Rússia não está em condições de ajudar,os europeus têm mais com que se preocupar e o petróleo saía-lhe mais barato. 
Também está a preparar com afinco a declaração de Lei Marcial mas pode não ser suficiente, encontra-se muito regulamentada, demasiado para o seu gosto. Uma guerra à beira de uma ordem pelo telefone, sem complicações nem justificações a intrometer-se, é a salvaguarda perante umas eleições que não pode perder. 
Novembro de 2026 não está assim tão longe e as perspectivas não são as melhores nem tendem a melhorar, a crise económica anuncia-se, faltam trabalhadores na base da cadeia alimentar, a contestação nas ruas e nos tribunais sobe de tom, o Capitólio, pela primeira vez, mostra-se incerto, a MAGA já não é o que foi e quer os dossiers Epstein.

Voltando por um momento à alteração do "Departamento de Defesa" para Departamento de Guerra": 
A mudança de nome para Defesa em 1949, 4 anos após o fim da II Guerra Mundial,  não foi um exercício de branding, foi um acto simbólico para o mundo de que os Estados Unidos defendiam a paz pela força, não a agressão. 

As palavras, que se pretendem aterradoras e o são pelo menos na intencionalidade,  ditas pelo ex-apresentador de fim de semana na FoxNews,  Pete Hegseth, agora Secretário de Guerra: 

«Esta mudança de nome não se trata apenas de renomear, trata-se de restaurar. As palavras importam. É restaurar, como nos orientou, Sr Presidente, restaurar o ethos do guerreiro, restaurar a vitória, a clareza como estado final. Restaurar a intencionalidade no uso da força. Sob a sua orientação, Sr. Presidente, o Departamento de Guerra vai lutar decisivamente, não em conflitos intermináveis, vai lutar para vencer, não para não perder. Vamos partir para o ataque, e não apenas para a defesa. Máxima letalidade, e não a legalidade morna»

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Sem limites, sem prudência, sem legalidade, sem decoro, sem integridade.

ENQUANTO CAI UM IMPÉRIO...

 

Washington DC - As milícias do gajo, pró-gajo. Células de egos inchados e famintos de poder de rua, mascarados de "autoridade" (é suposto ser crime...) 

No final do segundo vídeo, com as tarjas azuis, aparece um polícia a sério, os impostores metem-se todos no carro e ala, que-se-faz-tarde. 
É a "isto" que Trump bem entrega a "Lei e Ordem" na América; o Pentágono a um apresentador vicioso da FoxNews, a Segurança Nacional a uma discípula de Putin, a Saúde a um confesso amante de heroína e cocaína a quem restam três neurónios que discutem entre si, os Negócios Estrangeiros a um invertebrado que desdisse, e desdiz, tudo o que afirmou e defendeu antes de ir para o governo, e o outro, e a outra, e mais o outro, como nunca, nunca se viu

 

California rural -1,2 /Colorado-3
Dois homens embebidos em dignidade, um chefe de polícia, um sobrevivente do holocausto

Enquanto isso... 

Um Modi, bem disposto de mão dada com Putin - literalmente - atirado para os braços dos dois maiores ditadores do mundo (direi mesmo 3, o Kim-Coreia também lá vai ver a parada militar). Ao fim de 7 anos em que Modi não pôs os pés na Shanghai Cooperation Organization (SCO), Trump conseguiu a reaproximação. Notável. 
Xi e Putin irão enviar flores a Trump acompanhadas de cartõezinhos de agradecimento com uma cercadura de corações ❤️❤️❤️
A Organização de Cooperação de Xangai  foi criada em 2001 pela China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.  É uma organização euro-asiática de segurança política e económica com aspirações militares composta por dez Estados-membros. 
Em  2017, seis meses após Trump tomar conta da presidência pela primeira vez,  passou -  significativamente -  a  incluir a Índia e o Paquistão, Estados aliados dos EUA. O Irão aderiu  em Julho de 2023, dois meses e pouco antes do ataque do Hamas a Israel, a Bielorrússia em 2024. 
Numerosos países estão envolvidos como parceiros de diálogo, entre eles vários aliados dos EUA (Catar, Arábia Saudita, EAU...); outros já requereram os estatuto de membros, entre eles Israel... Israel!
Xi reclama-se como o líder da Nova Ordem Mundial emergente e, por mais estorvo que isso possa causar, tem todas as razões para o fazer.
Não estou a ver JD Vance na frente de Xi a esgoelar-se : "You didn't say Thank You to president Trump", no entanto é um agradecimento mais do que devido. 
A grandiosa parada militar que Xi preparou para 3 de Setembro será a primeira  a contar com a presença dos líders da China, Rússia, Coreia do Norte e Irão. Até agora pouco ou nenhum envolvimento quadrilateral existiu entre os quatro. Ao reunir estes intervenientes, estes concretamente com tudo o que os caracteriza, Xi sinaliza que pode definir as regras sobre quem deve ser considerado aceitável pela comunidade internacional, independentemente do que o Ocidente democrático ou os EUA possam pensar. Este é um momento único, significativamente marcante e que exige acção por parte dos EUA. Ficamos à espera...

Transcrição traduzida do vídeo abaixo

O Presidente Putin, que já se encontrava em Pequim para a reunião da Organização de Cooperação de Xangai, passou o dia com amigos, incluindo o líder eslovaco, que, apesar de ser membro da UE, simpatiza com a Rússia
Putin: «Vemos constantemente a histeria crescente alegando que a Rússia planeia atacar a Europa. Penso que as pessoas sãs compreendem que isto é uma provocação ou uma completa incompetência, porque qualquer pessoa sã compreende claramente que a Rússia nunca teve a intenção de atacar ninguém. Não tem essa intenção agora e nunca terá. »
O senhor Putin também tomou chá com o seu anfitrião e declarou-se amigo para sempre, o líder chinês, que usou a guerra na Ucrânia como forma de separar o sul global dos EUA e da Europa. Caminharam e conversaram. As reuniões e o espetáculo de amanhã são para demonstrar uma liderança global alternativa, enquanto o Presidente Trump impõe tarifas arbitrárias e retira os Estados Unidos de organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde.
Entre os 26 chefes de Estado estrangeiros que estarão em Pequim amanhã, o presidente Massud Peshkan, do Irão, o líder do Zimbabué, Emerson Manangagwa e Nicolás Maduro, da Venezuela, que hoje mostrou um telefone Huawei que, segundo ele, o líder chinês lhe deu para evitar os americanos.
O desfile militar de amanhã comemorará a derrota do Japão em 1945 como uma vitória soviética e chinesa, e não uma vitória aliada. 
A China perdeu cerca de 20 milhões de pessoas na guerra e a União Soviética cerca de 27 milhões, a maioria civis. Há 10 anos, os chineses realizaram um desfile para assinalar o 70º aniversário. Amanhã exibirão um exército modernizado e muito mais letal. Uma mensagem para os aliados e rivais, como convém a uma superpotência que projecta o seu poder económico e militar pelo mundo.
Lindsey Hilson (Channel 4):  A juntar-se a mim está agora Henrietta Levine, investigadora sénior em estudos sobre a China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Foi directora para a China no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Muito obrigada por se juntar a nós esta noite. 
Quer dizer, as imagens foram poderosas. Vimos Putin de mãos dadas com  Narendra Modi, o recluso Kim Jong-un a viajar para estar ao lado do presidente Xi. Para além das imagens, para além do simbolismo, há substância nisso? 
Henrietta Levine: A China tem tentado construir uma ordem mundial alternativa que desloque a liderança dos EUA, começando na sua região e alcançando um campo mais vasto há muitos anos. Vemos Pequim a tornar-se muito mais confiante à luz da cúpula em Tanzin, e penso que veremos mais disso no desfile desta semana, vemos a China a dizer em voz alta o que tem ocorrido em silêncio. O Presidente Xi anunciou uma nova iniciativa de governação global, que a China pretende liderar, na reunião de SEO.  Os líderes nesta cimeira anunciaram algumas iniciativas tangíveis. Anunciaram um novo banco de financiamento para o desenvolvimento que a SEO irá gerir. Mas a verdadeira notícia aqui é sobre a capacidade da China de angariar apoio para esta visão alternativa de ordem mundial e para deslocar a liderança dos EUA.
Lindsey Hilson (Channel 4): Sobre este deslocamento da liderança dos EUA, quanto isso se deve à abordagem algo errática de Trump em relação à política externa? Obviamente, tem atirado com tarifas sobre os países, este isolacionismo cada vez mais agressivo... Estará isto a representar uma jogada estrategicamente deficiente para os EUA e a favorecedora da China?
Henrietta Levine: A China tem tentado construir um mundo mais amigável para com o seu sistema político autoritário, que lhe permita fazer o que quiser com os seus vizinhos e que deslocará a liderança dos EUA. Isto não é novidade, isso não foi criado por Washington. Mas estão a ver muito mais sucesso nesse esforço como resultado da decisão de Washington de abandonar e desrespeitar alguns dos seus parceiros mais críticos, especialmente na vizinhança da China. Quando se trata da relação EUA-Índia, por exemplo, vimos nas últimas semanas, uma espantosa deterioração da parceria EUA-Índia - que tem vindo a ser construída por republicanos e democratas em Washington há décadas. O enfraquecimento destes laços permite que Pequim realmente avance com o seu antigo projecto de ordem mundial. Assim, à medida que o Presidente Trump se retira de alguns destes espaços, a China entra em cena.

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Putin e Netanyahu são, presentemente, as mais tenebrosas entidades do mundo; 
A verdade é que ambos são empoderados e fortalecidos por Trump. 
E ambos possuem Trump devido ao seu asqueroso e corrupto percurso de vida. 
Em termos de impacto no mundo inteiro, Trump é a mais tenebrosa das almasperdão, das entidades, ninguém projecta tantas sombras quanto ele 
Nada a acrescentar. 



O TRETAS VIVE E MEXE-SE

 MAS NEM TUDO O QUE PARECE, É

O tipo apareceu na terça-feira, 26/08, numa daquelas reuniões em que a administração Trump se reúne em torno de uma mesa enorme e lhe presta vassalagem, um de cada vez. Depois sumiu-se. Quarta, quinta e sexta-feira, nem sombra dele, nem resposta às várias contrariedades que lhe tocaram: processos, rejeição de recurso, promulgação de leis por governadores democratas e, caso à parte o cerco naval à Venezuela ("um país em guerra não tem eleições" - mesmo que não seja no seu território?) Nada, caladinho que nem um rato mudo.

Na net nasceram especulações como cogumelos em floresta nortenha, cintilações de esperança. Cadê Trump?

Na manhã de sábado Trump foi fotografado à saída da WH vestidinho de golf. Impunha-se um "Olá cá estou vivinho da silva e de humor desportivo".
Eu cá não sou de intrigas mas olhando para o homem não consigo encontrar vestígios de apetência desportiva. O homem parece exausto! Alguém acredita que este tipo, Trump ou não-Trump, aquela caduca figura, vai caminhar por um campo relvado a fazer swings ao taco?


Pois,  mas não é só isso. O que me empinou as orelhas foi um vídeo publicado hoje, sábado 30/08, mostrando Trump exactamente com a mesma roupita, do polo branco às calças pretas, o mesmo bonézinho gracioso, cumprimentando meia-dúzia de entusiastas à chegada ao Trump Nacional Golf Club. De orelhas totalmente empinadas pensei: "Raios, estou a ter um déjà-vu... Macacos me mordam se não vi já isto, tal-qualzinho". Procurei.

O vídeo da chegada de Trump HOJE ao club de golf foi publicado na net por um fan trumpista a 28 de Junho passado. Por que se haveriam de dar ao trabalho de buscar um vídeo de um fan filmado em Junho, não seria mais fácil, e eficaz, filmarem um hoje? "Se" a ideia era acabar com especulações evidenciam a competência do costume


O vídeo fica abaixo e aqui o link; quem quiser comprovar é só clicar nos 3 pontinhos à direita da imagem e abrir a "descrição".


Isto não terá uma importância por aí-além, o mundo inteiro já se habituou às tretas do Trump e do seu séquito, mas duas coisas me agaçaram: primeiro escusavam de me desvanecer a cintilação de uns dias sem o sujeito aparecer; segundo, já que o fizeram, ao menos tivessem-no feito como deve se ser. Como diria Jô Soares, a incompetência desta equipe é um espanto


ISRAEL, PARA QUE TE QUERO?

 No final de 2023, inicio de 2024 Trump devia aos bancos mais de 1,8 billiões de dólares, quantia que crescia mensalmente. Os bancos pressionavam-no

«Former President Donald Trump's debt obligations currently amount to around $1.8 billion, and that amount is growing every month.» CNN 2024

 Trump recandidatou-se à presidência,,o dinheiro começou a chover-lhe em cima. 


No que toca a Israel, é obvia a deferência de Trump para com um primeiro-ministro selvagem que defende com unhas e dentes, mísseis e tanques, a sua permanência no poder a bem da sua liberdade pessoal, a bem da imunidade perante os processos judiciais que o ensombram.
Porquê? A geo-política? A geo-estratégia? Não brinquemos com uma questão tão séria e angustiante. A queda de Netanyahu não acarreta a queda de Israel, bem pelo contrário, Netanyahu é reconhecidamente um criminoso de guerra - excepto pelos EUA - que isola o seu país do resto do mundo, que rejeita toda e qualquer proposta de paz, interrompe toda e qualquer negociação, entregando às mãos de terroristas a réstia de vida de reféns israelitas, a réstia de esperança das famílias e amigos que os aguardam há quase dois anos, que faz ouvidos moucos à voz gritante do seu povo

Então?????????

Da Mossad não se fala, é feio. É aliás a penúltima coisa de que Trump quer ouvir falar (a CIA está controlada, o MI6 é civilizado, o FSB... vade retro, não têm razão de queixa...)

Não é complicado, entre uns quantos, rondando a dúzia abaixo ou a meia-dúzia acima, dois nomes chegam para que qualquer fan de tele-novelas pouco atento a noticiários seja recordado de que "não há almoços de borla" onde há negócios e política: Ross e Adelson

Wilbur Ross, um bem-sucedido empresário judeu norte-americano, serviu como 39º secretário do comércio na primeira administração Trump (2017/ 21), conhecido como "o rei da falência", devido à forma como constituiu fortuna adquirindo e recuperando empresas em apuros (p/ex. Pan Am, Texaco) após anos de práctica na Rothschild & Sons de New York, foi nomeado uma das 50 pessoas mais influentes nas finanças globais pela Bloomberg. Este futuro (2023/24) secretário do Comércio, homem de confiança da administração Trump na política comercial e de fabrico, tem uma participação numa empresa, a Navigator Holdings, um gigante do transporte marítimo que conta com a produtora russa de gás e petroquímica Sibur entre os seus principais clientes e faz negócios com uma produtora de gás detida pelo genro de Putin. O produtor de gás russo contribuiu com 23 milhões de dólares para a receita da Navigator em 2016, primeiro ano da presidencia Trump, um aumento de mais de 40% em dois anos. Mas as influencias estão longe de acabar por aqui...

O investidor de Silicon Valley e cidadão russo Yuri Milner recebeu 191 milhões de dólares do Banco VTB e investiu esse dinheiro no Twitter. Uma subsidiária financeira da empresa de energia russa Gazprom financiou uma empresa de fachada que investiu numa empresa afiliada de Milner, que detinha cerca de mil milhões de dólares em ações do Facebook pouco antes da sua oferta pública inicial em 2012. Milner também investiu num fundo imobiliário, o Cadre,  focado na tecnologia, co-fundado pelo conselheiro e genro de Trump, Jared Kushner.



Ross, com privilegiadíssimos "contactos" em Israel, e introduziu , com ressonante êxito,  Jared Kushner. no meio da alta finança israelita; Kushner andou afastado durante a presidência de Biden mas já voltou aos domínios israelitas, até em negociações de paz... Bem, pelo menos a "negociações"... 

Organizou um consórcio de 72 bancos para resgatarem Trump na pior fase financeira da vida de Trump; em bom português, safou-o da banca rota total. 
Há mais de duas décadas, Ross representou os detentores de obrigações que ameaçavam Trump depois de este não ter conseguido pagar os empréstimos  que tinha contraído para construir o seu império de casinos., com juros elevadíssimos devido ao elevado risco que acarretavam

Depois? Depois negociou com oligarcas russos, fez dinheiro a israelitas, esteve envolvido, comprovada e processualmente, em escândalos com o departamento de Finanças dos EUA, ocultou o seu dinheiro conjuntamente com o de clientes lesados nas Ilhas Cayman, viu-se implicado nos Panama Papers, foi para o governo, saiu de lá ileso e agora, em 2025, voltou com a desgraçada política de taxas sobre o comércio internacional, e as ajudas a Israel

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«Bandeiras israelitas foram hasteadas no alto durante o infame protesto de 6 de janeiro, que visava anular os resultados das eleições norte-americanas de 2020, um acontecimento que se transformou num motim mortal quando uma multidão de apoiantes do presidente Donald Trump invadiu os portões do Congresso. Os evangélicos cristãos compareceram com cartazes e faixas com os dizeres "Jesus Salva" e "Jesus é o meu salvador. Trump é o meu presidente". Os judeus ortodoxos também lá estavam, mesmo com os neonazis a exibirem orgulhosamente o seu anti-semitismo ao lado deles.

Uma parte fundamental do legado de  Sheldon Adelson reside na fusão entre os evangélicos cristãos e a extrema-direita judaica — uma coligação exposta ao mundo a 6 de janeiro — e na forma como se uniram para arrastar a política dos EUA para Israel para a direita. Este esforço conjunto culminou na presidência de Trump, que trouxe repetidamente resultados positivos para Adelson e para os evangélicos cristãos.

Juntamente com a sua esposa Miriam, Sheldon Adelson utilizou a sua enorme riqueza, proveniente do seu império de casinos em Las Vegas, para financiar o Partido Republicano e organizações de lobby israelitas; apoiou também causas da direita israelita e financiou o jornal gratuito e pró-Netanyahu, Israel Hayom. Em 2017, Adelson declarou: "Sou uma pessoa focada numa única questão. Essa questão é Israel."»

Em 2016  Sheldon e Miriam Adelson começaram o seu apoio à campanha de Trump com uma primeira doação de 100 milhões de dólares




Adelson e a sua mulher, Miriam, foram os maiores dadores ao presidente Trump. O casal doou mais de 525 milhões de dólares a campanhas e comités políticos federais desde o ciclo de 2010

Adelson era um fervoroso apoiante de Israel e usou a sua riqueza para elevar a questão à posição de principal causa para muitos membros do Partido Republicano
Foi Adelson que moveu todos os fantoches, puxou todos os cordéis para que os EUA reconhecessem a passagem da capital de Israel de Tel Aviv para Jerusalém e lá abrissem a sua embaixada, inaugurada pela filha e o genro de Trump em 2018.

Foi Adelson que "explicou" a Trump por que é que o presidente dos EUA teria de reconhecer os Montes Golan, na Síria, como território israelita; o baralhado Trump percebeu perfeitamente e assinou num instantinho. Em agradecimento Israel chamou a um desses montes "Trump Heights", inaugurado por Netanyahu e por lá foi construído um novo colonato. No final de Julho passado, 2025, o parlamento israelita aprovou a anexação do West Bank, um desejo há muito acalentado que conta com a oposição da comunidade internacional. Tal como a questão da capital de Israel, poderá o mundo opor-se mas a assinatura de Trump é certinha (poderá aguardar a atribuição dos Nobel 2025, digo eu que sou pérfida)

Em 2018, Trump atribuiu a Miriam Adelson a Medalha Presidencial da Liberdade — a mais alta honra civil do país — pela filantropia dela e do marido.
Em Agosto, Trump criticou Adelson por não ter doado mais para apoiar a sua reeleição, deixando perplexos os membros do Partido Republicano que temeram que o presidente tivesse alienado o maior doador do partido. Poucos dias depois, o principal conselheiro de Adelson disse que o bilionário apoiava "110% o presidente" e que isso "se tornaria evidente em breve".
Documentos mostram que os Adelson doaram um valor recorde de 218 milhões de dólares a republicanos e grupos conservadores durante o ciclo eleitoral de 2020.
Sheldon morreu em Janeiro de 21, poucos dias antes da tomada de posse de Trump, mas Miriam teve lugar na primeira fila VIP emparelhando a inteiro com a chefe de gabinete do novo presidente, ao pé de Musk, do Sr. Facebook, do Sr Amazon-WashingtonPost e dos outros Srs endinheirados que por lá popularam

Trump gosta muito de Netanyahu? Hum... Diria que nem por isso; compreende o colete de sarilhos em que está metido, precisa dos amigos dele e...

E da Mossad não se fala, é feio. De Robert Maxwell, oficial da Mossad, cujo corpo repousa no Monte das Oliveiras em Israel, um funeral onde estiveram presentes 6 ex-comandantes da Mossad, não se fala, é inconveniente. Da filha de Maxwell, Ghislaine só se fala do que todos sabem, não do que ela sabe mas só contava à Mossad. De Epstein, o namorado de Ghislaine que, quando não tinha um chavo, trabalhou no escritório de Robert, só se fala das canalhice que fez antes de ter sido "suicidado" na prisão; de como enriqueceu escandalosamente de um dia para o outro não se fala... É segredo. 



UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIOS

TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO


 No início de Março, três dias após o vergonhoso, deplorável, indecente confronto na Sala Oval entre o presidente Zelenskyy e o Trump, com o vice J.D.Vance a desempenhar o papel de provocador vexatório com grande satisfação pessoal,  a equipe de Vance tentou contactar, através da  Embaixada da Ucrânia em Londres, e por outros canais não diplomáticos, o general Valerii Zaluzhny, ex-comandante-chefe das forças armadas ucranianas (2021/24)  e actual embaixador da Ucrânia no Reino Unido. A equipa pretendia agendar uma chamada telefónica  entre Vance e  Zaluzhny.

 O embaixador entrou de imediato em contacto com o chefe de gabinete de Zelenskyy dando-lhe conhecimento das intenções manifestadas por Vance e, após a breve conversa, Zaluzhny recusou a chamada do vice-presidente

Objectivo do contacto:  explorar a possibilidade de Zaluzhny admitir ser a "alternativa" ao presidente Zelenskyy explorando alguma potencial "vontade de vingança", por Zelensky o ter demitido do cargo de comandante-chefe das forças armadas em Fevereiro de 2024 e enviado como embaixador para Londres.

Na sequência desta démarche frustrada o embaixador publicou nas redes sociais  uma fotografia na qual aperta a mão a Zelensky e enfatiza a importância da unidade nacional:
«O percurso que enfrentamos não será fácil mas juntos ultrapassaremos todos os desafios»

Ajuizamos de acordo com os nossos princípios; obviamente os de Vance não coincidem com os de Zaluzhny

Das intenções e manobras da Casa Branca, nem vale uma linha entrar por aí



ASSALTAM-ME DÚVIDAS


1-  Alguém acredita que Putin está interessado num acordo de paz?

2- O que quer Trump dizer no seu post publicado na noite anterior à reunião de líders na Casa Branca com "Lembrem-se de como começou" ?

3- Por que considera Trump que Zelensky "pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente" se o país invasor recusa retirar-se dos territórios ilegalmente ocupados?

4- Uma vez que os países da NATO, enquanto tal, são colocados fora de causa na defesa e segurança da Ucrânia, o que é uma prestação de garantias de segurança "tipo" artigo 5°? 

5- Se Trump está empenhado na segurança da Europa, na dos seus aliados, e se está empenhado concretamente na segurança e soberania da Ucrânia, por que coloca à partida, antes de quaisquer conversações, que a adesão da Ucrânia à NATO é um não absoluto e está fora de discussão?
5.1- Não seria a adesão da Ucrânia à NATO a forma mais eficaz e rápida de garantir a segurança da Ucrânia?
5.2- É sabido que Putin, o agressor, não quer, mas Zelensky, o agredido, quer; os aliados também aceitam, só Trump se opõe, porquê?

6- Porque é que 4 dias após se ter reunido pessoalmente com Putin, Trump decide retirar as Autorizações de Segurança (security clearances) a 37 autoridades de segurança, em funções ou não, alguns pertencentes à comunidade de Inteligência, que trabalharam na investigação da comprovada interferência da Rússia nas presidenciais de 2016?

7- Após a assinatura do Memorando de Budapeste ficou estabelecido que a Ucrânia, a Bielorrússia e o Cazaquistão,  ao entregarem as suas armas nucleares à Rússia receberam o compromisso e as garantias de reconhecimento da soberania nacional e que não seriam ameaçados pelos signatários, Rússia, UK e EUA, os quais ficaram proibidos de usar qualquer força militar ou coerção económica;
Alguém tem conhecimento de quando e/ou como foi revogado o estabelecido pelo Memorando?

8- Trump afirmou ontem na FoxNews que está absolutamente fora de causa o envolvimento do exército americano na guerra da Ucrânia; por que promete ele a participação nas forças de Garantia de Segurança da Ucrânia?
8.1- Considera que vender armas a aliados que as doam à Ucrânia é uma garantia de segurança?
8.2- Vai ao menos voltar a fornecer Inteligência e informação geo-estratégica?

9- Por que afirma Trump que um acordo de paz está muito próximo e, por isso, não há necessidade de um cessar-fogo quando, até ao seu encontro com Putin, o considerava fundamental?



10- Uma vez que Trump reconhece que "é possível que Putin não queira um acordo" por que não institui as sanções e as "sérias consequências" com que o ameaçou como forma de pressão?

11- Será absurda a hipótese de Trump não instituir sanções primárias, nem secundárias, contra a Rússia por estar à espera de ver Zelensky recusar o "acordo e paz" proposto por Putin?  Por que haveria de pôr sanções à Rússia se é a Ucrânia que se recusa a aceitar a paz?




12- Trump afirma que a Ucrânia vai receber uma grande quantidade de terras (a lot of land); quais são? 
12.1- E a Crimeia, território ocupado em 2014, porque é, à partida considerado um assunto indiscutível? 
Lei dos EUA nº 115-44, Ponto 3, Secção 257: 
"Esta é a política dos EUA: jamais reconhecer a anexação ilegal da Crimeia pela Federação Russa ou a separação de qualquer parte do território ucraniano por meio do uso da força militar."
Presidente Donald Trump
2 de Agosto de 2017  
Não sei se ocorrerá alguma dúvida a alguém, isto parece-me absolutamente claro. 


13- «Após a conclusão das reuniões (foi a meio) telefonei ao Presidente Putin e iniciei os preparativos para uma reunião, em local a determinar, entre o Presidente Putin e o Presidente Zelensky»;  por que é que quando Trump disse que iria telefonar a Putin todos os 6 líders europeus presentes decidiram que seria melhor ficarem para jantar?




No dia 11, há uma semana, 4 dias antes do nauseante encontro no Alasca, terminei post desse dia assim:

"E quando o encontro terminar, o presidente dos EUA dirá que correu muito bem, que Putin quer mesmo um acordo de paz e está nas mãos da Ucrânia terminar esta chacina. Nas mãos da Ucrânia, não forçosamente de Zelensky..." 

14 - ...Se Zelensky se opuser ao acordo (um "se" muito pequenino)  será que Trump irá levantar a questão da legitimidade democrática de Zelensky enquanto presidente? Então lá porque se está em guerra - com as populações e edifícios cívis a serem constantemente bombardeados - não se pode fazer eleições? - Vídeo abaixo, 18 Agosto 2025



15- Será que Putin quer mesmo encontrar-se com Zelensky?
15.1- E, no caso dúbio do encontro acontecer, quantas semanas levará a ser preparado? Talvez lá mais para o Inverno, quando chover a potes na Ucrânia?



Na verdade, tenho mais dúvidas, muitas mais, algumas convicções e umas quantas certezas; Por hoje ficam estas que se enquadram na "conjuntura" actual

E uma última pergunta, directa a Trump:

Se é tão fácil acabar com esta guerra, era até para ter sido resolvida no primeiro dia da segunda administração Trump, por que raio ainda não acabou?

AS EXIGÊNCIAS DE PUTIN E UM QUEIJO DA SERRA


Exigências de Putin para o "fim da guerra" 

1. A Ucrânia deve retirar todas as tropas de Donetsk e Luhansk em troca do congelamento das linhas de frente em Kherson e Zaporizhzhya. 

2. A Rússia devolveria apenas pequenas áreas que tomou no norte de Sumy e no nordeste de Kharkiv. 

3. Reconhecimento formal da soberania russa sobre a Crimeia — incerto se apenas pelos EUA ou por todos os Estados ocidentais e também pela Ucrânia. 

4. Levantamento parcial das sanções contra a Rússia. 

5. Proibição do ingresso da Ucrânia na NATO, com vagas promessas de "garantias de segurança". 

6. Status oficial da língua russa na Ucrânia e livre funcionamento da Igreja Ortodoxa Russa.


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Existirá um secreto ponto 7 exigindo uma casinha numa ilha mediterrânica, com petróleo no jardim, uma mina de diamantes nas traseiras e um queijo da serra todos os dias para o lanche. Nada que não se consiga com boa vontade, obviamente o homo sapiens está mortinho por acabar a guerra

UMA OPORTUNIDADE EXTRAVIADA

Teria sido possível transformar este encontro numa reunião positiva? Teria, dependeria apenas  da atitude de Trump. Não estou a aproveitar (mais) uma oportunidade para esfregar a nódoa, estou a falar de factos. Não seria difícil para um presidente dos EUA que respeitasse as prioridades correctas e espectáveis. Um simples  «Ouve lá, ó Vladimir, tu começaste esta guerra, tens de a acabar e a maneira de a acabar é chegares a um acordo com a Ucrânia, um que a Ucrânia possa aceitar, que os europeus possam aceitar; ou passarás pela vergonha injustificável de perder mais uma guerra»

Ou seja, Trump teria de estar disposto a usar as vantagens de que os EUA dispõem em todas as vertentes de poder - Económico (apoio e sanções como adjuvante e nunca como fundamento), militar (o fundamental armamento, Inteligência satélites, ciber-tecnologia)   e político (numa manifestação de vontade inalterável) - reiterar a sua recente afirmação de que haverão "consequências severas" se Putin não considerar pôr termo à guerra. Isto dito, e feito, juntamente com todos os apoios dos Estados da NATO e além da Aliança, obliteraria drasticamente a capacidade da Rússia para continuar esta guerra, com China ou sem China, porque Xi não joga para perder.

A exigência de um cessar-fogo feita por Trump foi prontamente dissolvida na calorosa recepção do Alasca. É admissível que tenha sido uma questão de bom-senso. Se tivesse sido estabelecido mais um frágil cessar-fogo que fosse (seria) quebrado por Putin,  o ego de Trump seria ,uma vez mais, ferido pela demonstração de credibilidade e inacção perante o facto. Até Trump sabe isso, aprendeu à sua custa. Saiu desta reunião dizendo "deixem lá o cessar-fogo, temos perspectivas maiores". Sim, mas quais e quando? É que neste aspecto Trump e Putin estão de acordo e isso não tem sido um bom sinal. Tudo foi vago, secreto, diria que inconfesso. Um Putin sorridente e bem disposto, um Trump exausto, esquivo, enrascado


Seja qual for a proposta que Putin deixou com Trump,  a sua obstinação na reivindicação do território de Donetsk é certinha, apesar de só ter o controlo de 1/3 desse território. Este é um absoluto obstáculo a qualquer acordo de paz, ainda que outros, significativos, não existissem. Trump não achará nada mal, bem pelo contrário, dá para a troca de exploração de minério no Alasca, saiem ambos a ganhar e a Ucrânia que se lixe.
(Aquele ar enrascado foi fotografado quando Trump magicava uma forma airosa de comunicar esta traição a Zelensky) 
Estivesse Trump disposto a opor-se neste tabuleiro com todas as vantagens que tem, Putin poderia então ser forçado a conversações de paz sérias 

A única nota positiva deste encontro, e significativa SE mantida, é a evocação de Garantias de Segurança para a Ucrânia; e o facto de Putin as ter referido na sua intervenção não pode ter outro significado senão uma fingida concordância para ocultar a incapacidade de impedir algo que é imposto, algo que é imposto pela NATO , a Trump para impor a Putin
Os EUA terão de escorar a presença de tropas europeias na Ucrânia, uma decisão incontornável alicerçada por vários "incentivos", alguns económicos, alguns de apaziguamento mas não só...
Não é com vinagre que se apanham moscas, na ponta deste incentivo está a possibilidade do troféu mais desejado, um Nobel da Paz. Sim, é uma merda mas é disso que as moscas gostam (desculpem o meu latim mal declinado)
Do outro lado está a recordação de uma "ridícula" derrota da Rússia no Afeganistão; mais vale um acordo "voluntário" do que uma derrota,  pior, uma derrota face à Ucrânia, essa terra de ninguém 

A "outra" atitude que Trump pode tomar é a promover uma proposta de acordo inaceitável na qual o país invasor sai a ganhar e motivado para manter as suas políticas de agressão. Esse tipo de motivação já deu devastadoras provas históricas, é um erro a não repetir. 

Sobre atitudes nesta cimeira o bom senso esteve de férias.
Não era preciso Trump ter esperado por Putin, o criminoso de guerra, um raptor de crianças, sobre o o tapete vermelho, não era preciso ser tão efusivo no reencontro, não era preciso um palanque ladeado por caças e uma passagem de quatro F-35 escoltando um Stealth B-2,  não era preciso dar-lhe "boleia" no carro presidencial. Um exibicionismo de vaidades que não mostrou nada de novo. Esta photo-op foi uma deliciosa prenda suplementar oferecida a Putin para ser divulgada com sarcasmo na comunicação social russa, à fartazana. Também não era preciso ter sido Putin o primeiro a falar na hora dos discursos como se fosse o anfitrião, referindo  a Ucrânia apenas de passagem e aproveitando para dizer aos líders europeus para não "torpediarem a proposta", mas ele deve ter pedido com jeitinho. Preciso seria terem feito a anunciada conferência de imprensa... Nem o previsto almoço teve lugar, estavam ambos mortinhos por se verem dali para fora, sem jornalistas, sem perguntas, sem explicações, sem esclarecimentos

Em nota de rodapé: 

Lavrov shirt - CCCP/USSR

Folgo em constatar que Lavrov afinal tem sentido de humor, de humor negro mas eficaz, a mensagem é clara - "Somos um império, temporariamente diminuído mas em progresso"



ALASKY? АЛЯСКА!

 A amiba mental diz, e reitera, que "vai à Rússia" na sexta-feira encontrar-se com Putin.

Não sei se nas cedências de territórios da Ucrânia que estarão na proposta de paz a apresentar por Putin e Trump o Alaska irá de bónus revertendo a compra à Rússia em 1867

Espantosamente o secretário da Defesa e a secretária da Justiça assistem mudos e quedos; se Trump diz é porque é assim. Parte significativa do mundo está ao sabor das decisões deste idiota ignorante


A cavalgadura já está a preparar a gloriosa saída da reunião, já atira para cima de Zelensy a responsabilidade da continuação da guerra deixando implícito que foi ele que a começou 
«Fiquei um pouco incomodado com o facto de Zelinsky dizer, "Tenho de obter aprovação constitucional". Quer dizer, ele tem aprovação para entrar em guerra e matar toda a gente, mas precisa de aprovação para fazer uma troca de terras  (???) , porque vai haver uma troca de terras. Sei que através da Rússia e através de conversas com toda a gente para o bem da Ucrânia. coisas boas, não coisas más.» (min.4:43 )

Outros momentos apoteóticos da conferência de imprensa, no vídeo abaixo: 

«E se não fosse a chuva e a lama Kyiv teria sido tomada em 4h..». (min. 8:10)

«Vou dizer-vos isto. Vi uma sondagem saída da Ucrânia, 88% das pessoas gostariam de ver um acordo feito. E se recuarmos três anos, toda a gente estava entusiasmada com a guerra. Sabe, toda a gente está entusiasmada com a guerra até a ter. É uma coisa incrível» (min.9:16)

Pergunta: «Vlodimir Zelinsky não é convidado para sexta-feira?»
Trump: «Ele não fez parte disto. Eu diria que ele poderia ir, mas ele já foi a muitas reuniões. Sabe, ele está lá há três anos e meio. Não aconteceu nada. E qual é a definição? Quero dizer, querem alguém presente que está a fazer isto há três anos e meio?» (min.10:06)

Sem comentários.


Convirá referir, só para que fique "registado em acta",  

1- O facto básico de que a guerra continuou durante a presidência de Trump, praticamente 8 meses passaram sobre o "Acabarei com esta guerra no primeiro dia da minha presidência ou até talvez antes". Trump poderia ter contribuído decisivamente para o final da guerra se tivesse vontade política, ou se não estivesse enfeudado a Putin
Tem vindo a comportar-se de forma inexplicável à luz do mais ténue bom-senso; apresentou pelo menos cinco propostas de cessar-fogo e prometeu aplicar sanções contra Putin se este rejeitasse as propostas de paz, de cessar-fogo 
Putin rejeitou-as uma e outra e outra vez e, até hoje, Trump nunca avançou com quaisquer sanções. As últimas ameaçadas foram adiadas e re-adiadas à mais evidente vantagem para Putin, uma recalendarização  de alfaiate

2- Trump afirma que haverá uma "troca de terras", e nem é de "troca que de facto fala pois nenhum território russo entra nesta equação. Factualmente o que preconiza é uma cedência de terras a troco de uma paz limitada ao tempo que Putin precisa para recomeçar. Putin quer a Ucrânia, toda a Ucrânia, cuja entidade e nação não reconhece. Há quem já o tenha feito com consequências desastrosas, há acordos que têm por destino ser rasgados


3- Ninguém, que esteja de facto interessado em conseguir o melhor acordo possível, põe na mesa um leque de cedências antes do início das negociações. Não é um "erro diplomático", é dar várias voltas de vantagem ao adversário antes da partida; ou, pondo mais claramente, não se trata de um adversário, trata-se de um jogo em equipa. Trump aderiu a este jogo desde a sua entrada na Casa Branca.

4- Trump apresenta agora uma paridade de responsabilidades na ocorrência desta guerra, princípio, meio e fim; digo "agora" porque não faz muito tempo defendia a versão de ter sido a Ucrânia a responsável (lá voltaremos por certo). A verdade é não se trata de um conflito entre dois países, trata-se de  um crime de invasão e agressão, um crime internacional grave; há um agressor e um agredido, um invasor e um invadido, contra todos os princípios de direito internacional, de integridade territorial. Existe uma obrigação legal e moral de assistência ao agredido por parte de qualquer país decente, o contrário disto vai contra todo o sistema de segurança global e do direito internacional

5- É possível mutilar a capacidade de manutenção da máquina de guerra russa negando-lhe as receitas do petróleo e do gás. Isto pode ser feito impondo sanções secundárias sérias aos países que continuam a comprar petróleo e gás russos. E fornecer à Ucrânia todo o armamento necessário tendo em vista ajudar e não apenas vender armas a aliados

6- O maior temor de Putin é a unidade ocidental. Trump acalmou os seus ataques à NATO após a última cimeira porque lhe caiu dos céus uma multiplicidade de negócios de venda de armamento muito acima do que lhe seria dado esperar. Esta unidade será o primeiríssimo alvo de Putin e Trump não é exactamente difícil de manipular

Retorna à superfície a política de apaziguamento e a cedência de parte da Checoslováquia anexada por Hitler no tratado final da Conferência de Munique em Setembro de 1938 numa tentativa ingénua de evitar a guerra. Seis meses depois, em Março de 39, Hitler ignorou o tratado e invadiu a Checoslováquia; Em Setembro de 39 invadiu a Polónia e começou a II Guerra Mundial.
É muito positivo que retorne à superfície, assim seja também emergente a lição que engloba