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NÃO DIZES NADA SOBRE AS ELEIÇÕES?

 «Então não dizes nada sobre as eleições?»

Eu explico: às vezes mais vale estar calada. 

Às vezes mais vale fechar a boca do que dizer seja o que for "post facto"; não serve de nada, pode ser ofensivo, pode até ser tomado como uma arrogância  parafraseando um "eu é que sei"

Umas eleições não são um campeonato desportivo, ou não deveriam ser, não está em causa o "que ganhe o meu clube", não é, ou não deveria ser, uma escolha emocional, afectiva, há que pensar no que está em causa e no que se pretende, qual a melhor opção para favorecer ou desfavorecer o que está em causa

Estas eleições poderiam ser definidas como um "Que sorte!" «Parti uma perna, que sorte, podia ter partido as duas". É uma atitude louvável para quem parte uma perna mas eu tenho mau feitio, sorte mesmo é não partir nenhuma

A esquerda berra e grita que o país está entregue à direita... À direita, Direita, não está, ponham lá a mãozinha na consciência e pensem lá no que é, de facto, a Direita.  O país foi entregue a quem está à direita da esquerda mas não à Direita. Pessoalmente regozijo-me que tenha havido o bom senso, previamente declarado, de rejeitar esse cenário.

Por falar em esquerda e em consciência, o PS tem vários agradecimentos a fazer, do fundo do coração: 

- Tem, em primeiríssimo lugar, de agradecer ao Chega não ter sido derrotado por uma maioria AD

- Tem de agradecer ao Costa ter dirigido o país com sua claque de apoiantes partidários colocando a sua oligarquiazinha corrupta nos poderes estando-se completamente nas tintas para a incompetência, as negociatas e os seus onerosos efeitos. Promoveu toda a casta de malandragem, todos muito "yes-men" e garantiu a sua almofada de conforto no poder. Se a coisa sai cara aumenta-se os impostos; o "brutal aumento de impostos" que Passos Coelho promulgou face a um país deixado de cuecas, rotas, e à vigência da troika a quem o Sócrates pediu socorro, é documentadamente uma brincadeira de crianças face à carga fiscal que suportamos hoje. Os impostos não subiram, foram subindo, subindo, subindo... Estável manteve-se o 23%  do IVA, (que sorte) nunca chegou a 25%

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O Chega festeja ter sido "o grande vencedor". 

O Chega cresceu, não, o Chega aumentou, muito. Agradeça ao PS, e à geringonça, como o PS lhe deve gratidão. E agradeça a corações inflamados e frustrações crescentes. Também pode mandar um beijinho ao Rui Rio, esse rapaz cerimonioso e tímido no falar ( no dar um murro na mesa está fora de causa, é feio, e oposição de alto calibre é falta de educação)


Aqui p'ra nós, parece-me que o "grande vencedor" foi aquela coisa quase inexistente que mudou de nome para ADn - num dia 28 de Setembro, dia bem escolhido.

 A coisa, que não chegou aos 10mil votos em 2022 (são necessários 7500 eleitores requerentes para constituir um partido político, votaram os requerentes e menos de 500 amigos) 

Num quase anonimato ultrapassou os 100mil em 2024. Hein!!!

G'anda noia! Ó Marinho (Pinto), isso é tudo teu ou estas contente por me ver?

O Chega também festeja a derrota do PS, como se tivesse contribuído para isso... NÃO CONTRIBUIU, bem pelo contrário

Pois, não se pode contribuir para tudo. Tivera tido mais 1% e reinaria  o PS mais 4 anos. Mas para o Chega é melhor assim, um governo estável não lhe dá jeito nenhum. E por que raio há de o país precisar de um governo estável? Não interessa nada, o Chega precisa de um governo fragilizado, o país que se lixe, que se aguente, já se aguentou até aqui.

E aqueles que votaram Chega mas que põem o país acima de partidos repito o que disse acima:  eleições não são um campeonato desportivo, ou não deveriam ser, não está em causa o "que ganhe o meu clube",  há que pensar no que está em causa

O mesmo se poderá dizer àqueles que votaram BE, a AD agradece.

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 «Então não dizes nada sobre as eleições?»

Digo isto, só isto:

A direita Direita, esteve mal, a esquerda, Esquerda esteve mal. 

Muita paixão e pouca cabeça. Raramente dá bons resultados

E a AD? A AD teve sorte, só torceu o pé, não partiu as pernas, consegue andar.

 Até onde? Durante quanto tempo? Depende de quais os valores que mais alto forem levantados. Não será muito auspicioso considerando as amostras em epígrafe

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O BICHO ESTÁ BEM


   

 Para as "tias" e os "tios" do Sir Scott que têm querido saber do bicho informo: 
o bicho está bem e recomenda-se

 Não definha por falta de alimento nem perde o pelo devido a grandes tareias embora, confesso, por vezes bem me apeteça... Esta semana fui a uma loja de indianos comprar um frasco de picante ultra-super para pincelar a mobília; o bicho tem tanto de meigo quanto de rufião e alia a manifesta inteligência com uma inesgotável tendência para a asneira

 A única foto actual é a primeira, tirada este fim de semana, lá fora chovia a cântaros; as outras foram tiradas no fim de semana anterior, sem chuva e com 1,300kg a menos... Sim o bicho come, muito, e não há perigo de me esquecer, ele arrasta os pratos, suspensos no suporte, até onde for preciso (silenciosamente não se aplica)

 Na semana que vem segue-se mais uma ida ao vet. e depois a matricula na escola (pois, um pastor alemão lobeiro é um quanto diferente dos outros pastores, tenho um guarda-costas que ainda não fez 4 meses...)

 Se continuarem a estar preocupados prometo continuar a mandar postais

















































































































DOIS ANOS DEPOIS, O INACREDITÁVEL

 Dois anos se cumprem hoje sobre a invasão da Ucrânia, dois anos sobre o que parecia ser um Golias devorando David, dois anos sobre o que era credível ser uma guerra de meia dúzia de dias até Kyiv cair sob o poder do Kremlin

Dois anos que comprovam o quanto o povo ucraniano é digno de admiração e respeito pela sua coragem, resistência, fibra, estoicismo, nomeando apenas as primeiras qualidades que me ocorrem num sopro

E no entanto...

20/02/2024 - Link
O armamento pesado que as tropas ucranianas estão a usar é fundamentalmente de fabrico norte-americano; não é como uma pistola que dispara balas de calibre x independentemente do fabricante das balas desse calibre, é mais complicado do que isso, as munições requeridas obedecem a características especificas. E estão a acabar. E os russos sabem disso, intensificam os seus ataques na esperança de que um novo reabastecimento chegue demasiado tarde. 
E Trump ajuda, faz o papel que lhe foi atribuído, a troco do apoio fantasma à sua re-candidatura à presidência, dando instruções ao seu gang dos 5 no Congresso e ao novo speaker-fantoche que fez eleger: não se põe sequer à votação a libertação de fundos para rearmamento da Ucrânia. E o speaker-fantoche, aquele homúnculo  pequenino que precisa provar que é gente, obedece, vai a Mar-a-Lago beijar o anel ao padrinho antes de seguir para 15 dias de férias suspendendo as sessões do Congresso. Duas semanas? Há meses, aflitivos, que a Ucrânia aguarda restringindo drasticamente o uso de munições com os resultados que todos testemunhamos. Como é possível? É possível porque os republicanos permitem que um homúnculo enfeudado a Trump controle um Congresso timidamente maioritário sujeito às manobras viciadas de um gang de 5 vendidos e mais meia dúzia de outros à venda com preço marcado e negociável. É assim.

Ficamos assim? Veremos, há quem jure que não, mesmo dentro do caído em desgraça partido republicano. Mais abaixo transcrevo um importantíssimo testemunho do congressista republicano BRIAN FITZPATRICK

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Ontem há noite, já pela madrugada, fui motivada a vencer o sono que já me vencia: ouvi a voz de um dos mestres e abri um olho, depois os dois e depois sentei-me prestando toda a atenção; Quando Carl Bernstein e/ou Bob Woodward, os históricos jornalistas do Washington Post que despoletaram o "Caso Watergate", falam eu oiço, sempre, são dois Mestres da divulgação da verdade e do pensamento coerente e corajoso. Ontem Carl Bernstein foi brevemente entrevistado, falou da sua correspondência com Navalny mas sobretudo não poupou na indignação e classificação do comportamento do Partido Republicano face à desesperada situação da Ucrânia

Transcrevo, traduzida, a maior parte da entrevista que pode ser lida no original e na integra AQUI 

Link- Twitter

KAITlAN COLLINS, da CNN: Quero passar agora ao lendário jornalista Carl Bernstein, que também trocou mensagens com Alexei Navalny, autor de muitos livros, mas este de que estamos a falar esta noite, "Todos os Homens do Presidente", que Navalny leu enquanto esteve na prisão russa.

E, Carl, antes de chegarmos à sua correspondência com Navalny, que me fascina, gostaria apenas de perguntar, dada a sua cobertura dos presidentes dos EUA, e olhando para eles, a partir desta perspetiva histórica, o que acha  de ver o Presidente Biden abraçar Yulia e Dasha, e prometer estas sanções, que veremos quão eficazes são, mas tomando essa posição?

CARL BERNSTEIN, JORNALISTA E AUTOR: Qualquer presidente, na nossa história, teria feito o que Biden fez, excepto Donald Trump. Donald Trump tem apoiado, a cada passo, Vladimir Putin.

Vamos falar sobre quem é Putin. Ele é o mais brutal, o mais consequente e,
na verdade, a grande figura, em termos de acabar com a democracia, e tentar acabar com a democracia na Europa.
É disso que se trata. E só Donald Trump, nenhum outro presidente americano faria o que ele fez.

Mas acho que o que é tão significativo sobre essa horrível, horrível cadeia de acontecimentos e história, também é sobre os Estados Unidos.

Tem a ver com a liderança americana e a falta de liderança em reconhecer Vladimir Putin como a ameaça, o déspota e o tirano que ele é, o tirano mais importante da Europa desde Hitler e Estaline. Ele iniciou uma guerra terrestre na Europa, a primeira desde a Segunda Guerra Mundial.

E um dos nossos dois partidos políticos, o Partido Republicano, permitiu,
continua a jogar com ele, ajudou as forças russas na Ucrânia, fazendo faltar munições e outras munições, e agora temos um partido político americano que está a ajudar, a auxiliar Vladimir Putin, nos seus desígnios europeus, e a tentar.

Ele desestabilizou a Europa, através da subversão, da interferência nas eleições. E não sabemos onde é que isso vai parar. Mas sabemos que ele também destruiu a aliança da América e da Europa Ocidental, em termos de sermos o líder do Mundo Livre.

Veja-se o que aconteceu na Guerra Fria. Olhem para os Estados Unidos, na
Guerra Fria.
Qual foi a grande força, a mais ruidosa de todas contra a agressão russa? O Partido Republicano. E agora, onde está o Partido Republicano? Estão a permitir o que Putin está a fazer na Europa. E este terrível acontecimento tem a ver com essa ligação. E Putin sabe-o.

Mas a grande questão, nestas eleições, em muitos aspectos, deveria ser encontrar outro candidato republicano, que saiba o que fazer em relação à segurança do Ocidente, à segurança da Europa e à aliança entre os europeus e os Estados Unidos.

Mas a ideia de um partido que foi capturado por forças que apoiam Vladimir
Putin?
Pensem no que isso significa. E estamos a falar sobre isso aqui no ar, esta noite. Essa é a história subjacente.

BERNSTEIN: E precisamos de começar a olhar para este acontecimento importante, o assassinato e a morte de Navalny, como algo que diz respeito aos Estados Unidos, ao nosso sistema político, e não apenas ao corajoso Alexei Navalny.

COLLINS: Obrigado, Carl.

BERNSTEIN: E Bob Woodward, obviamente, é o outro signatário disto.

COLLINS: Sim. 

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Posto isto e voltando um pouco atrás, acima refiro o testemunho do congressista republicano BRIAN FITZPATRICK. Não sendo palavras que ofereçam qualquer garantia ou grandes esperanças, muito menos quando o Congresso se encontra suspenso por meio mês,  são no entanto uma evidência de que nem todos os congressistas republicanos venderam a alma ao diabo. Transcrevo:

Link- Twitter

BRIAN FITZPATRICK: Falo em nome de muitos dos meus colegas, de ambos os partidos.

O Presidente Zelenskyy é um ser humano extraordinário, como sabem. Foi um exemplo, para tantos líderes diferentes, em todo o mundo, de um símbolo de coragem, disposto a morrer pelo seu país .Eu vivia em Kiev. Foi a minha última missão como agente do FBI, muito, muito próximo das pessoas. Por essa razão, sou o presidente da bancada da Ucrânia. E este é um momento brutalmente difícil para um país que eu amo, que muitos de nós amamos, que está a lutar contra a tirania e a opressão.

Estamos a viver uma disfunção no Congresso, neste momento. Gostava que o Congresso não estivesse a andar tão devagar. Mas estamos a chegar a um ponto em que a Ucrânia tem semanas, não meses, para ser reabastecida com munições que só nós lhe podemos fornecer. Os nossos aliados europeus estão a ajudar, mas há certas coisas, sobretudo artilharia, que só nós lhes podemos dar.

CNN's KAITlAN COLLINS:Recebeu alguma garantia do Presidente da Câmara, Mike Johnson, sobre o projeto de lei que apresentou? Ele garantiu-lhe que o ia levar a votação?

FITZPATRICK: Nenhuma garantia, Kaitlan, para além de - para além de lhe dizer que temos uma maioria muito, muito apertada, neste momento. E não estou sozinho. Pode ver a intensidade na minha voz, na minha determinação, vamos encontrar uma maneira de fazer isto. A Ucrânia não falhará sob o nosso controlo.

Há demasiado em jogo aqui. Não se trata apenas da Ucrânia. Trata-se de liberdade, contra ditaduras. Trata-se da verdade contra a propaganda. Trata-se de uma luta existencial. E já vimos esta luta a desenrolar-se ao longo da história. Estes ditadores estão a tentar re-litigar o resultado da Segunda Guerra Mundial. Pensámos que estas imagens estavam permanentemente relegadas para os livros de história. Agora estão a ser reproduzidas em tempo real.

Por isso, chegou a altura de os líderes de ambos os partidos, e todos os membros de ambos os partidos, no Congresso, darem um passo em frente e fazerem o trabalho. E isso vai exigir, Kaitlan, que toda a gente venha para o centro. Porque há muitas maneiras diferentes de enquadrar este pacote.

Mas o mais importante é que consigamos fazer sair o dinheiro, especialmente as armas. A ajuda humanitária também é extremamente importante. Não me interpretem mal. Mas as armas são sensíveis ao tempo, neste momento. Avdiivka caiu por causa da falta de artilharia.

COLLINS: Parece-me que tem determinação, devo dizer. Mas também ouvimos outros republicanos, que têm determinação, mas de uma perspetiva diferente, pessoas como Marjorie Taylor Greene, que dizem que a ajuda à Ucrânia não vai ser votada no plenário.Se o Presidente da Câmara não a apresentar, vai juntar-se aos Democratas para forçar a votação do seu projecto de lei?

FITZPATRICK: Encontraremos uma forma de o levar a votação. Registe as minhas palavras.

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Tudo isto é insustentável moralmente, é inacreditável e, no entanto, está a acontecer diante dos nossos olhos, diante da nossa impotência imposta ilegitimamente por meia-dúzia de usurpadores sem ética, vergonha ou consciência histórica, em última análise por um tarado megalómano e egocêntrico que não se detém perante seja o que for para conquistar o poder que lhe permitirá furtar-se às consequências dos seus crimes de lesa-nação.

É este criminoso, com pretenções a ditador ao serviço de Putin, que o GOP se prepara para apresentar como o seu candidato à presidência dos States. Como chegaram aqui? Great! Again!
Foi devido à falta de visão europeia que Hitler conseguiu avançar; também a América acordou tarde, despertada por C
hurchill. As lições são óbvias e ignorância é revoltante. Revoltante.



SE ELES DECIDIREM MATAR-ME

Claro que era espectável, não é menos devastador por isso
É um marco na grande lista das injustiças do mundo

De entre dezenas registo quatro vídeos que marcam quatro momentos diferentes na história da Rússia, na história de Alexey Navalny

« Se eles decidirem matar-me isso significa que somos incrivelmente fortes. Precisamos utilizar esse poder. Não desistam, lembrem-se de que temos um enorme poder que tem vindo a ser oprimido por esses tipos maliciosos. Nós não temos a noção de quão fortes somos na verdade. A única coisa necessária para o triunfo do mal é que as boas pessoas não façam nada. Não fiquem inactivos »









COISAS DO 14 DE FEVEREIRO

Nesta coisa dos dias de celebração há dois nos quais emperro particularmente:
O primeiro é "O Dia da Mulher" por razões que já por aqui expus mais de uma vez. 

O segundo é "O dia dos Namorados", essa espécie de "Dia de Ir ao Bolso" dos corações mais jovens, incautos, susceptíveis, a "Black Friday dos românticos e engatatões". Tirem-me deste filme! Por que não se celebra o dia dos casados?  Ah pois, não rende e poderia trazer muita complicação, vão jantar fora no dia do aniversário de casamento e está tudo certo. Podia ser assim com os namorados, podia, mas não era a mesma coisa, o rio de euros fluiría mais lento...
Porém... nem o bom é bom de todo nem o mau é mau de todo...

Corria o ano de 2016 e, entre outras "novelas", em Fevereiro assistia-se às primeiras declarações bombásticas do programa de campanha de Donald Trump para as presidenciais : "I'm gonna built a great wall..." Nesse ano o dia 14 de Fevereiro foi um domingo e pelo meio da tarde dei um salto ao centro comercial do Campo Pequeno para comprar uma torradeira, cigarros e tomar café. Quando saía da tabacaria esbarrei com um amigo relativamente recente, conhecíamo-nos havia pouco mais de meio ano mas mantínhamos empolgantes conversas essencialmente sobre política nas suas múltiplas facetas; não eram muito frequentes porque este cavalheiro é um súbdito de Sua Majestade que apenas se deslocava a Lisboa periodicamente em trabalho mas trocávamos e-mails com frequência, tanta quanto o desenrolar das "novelas" politiqueiras nos motivava e, convenhamos, a época era fértil em assuntos extravagantes.
Ficámos ali em pé num blá-blá-blá infindável. Cansada de mudar o peso do corpo de um pé para o outro sugeri que nos sentássemos por ali onde nos dessem um café. A rotunda do centro comercial estava cheia e incomodamente barulhenta; ele sugeriu o provecto Old Vic, a três passos dali.

Chegados. sentados e servidos fomos presenteados com umas bases para copos em forma de coração e o atencioso empregado sorriu-nos um "Feliz dia dos namorados", devolvi-lhe o sorriso perguntando "Tem amendoins salgados?" Com cara de gafe o pobre homem retirou-se com um "trago já" enfiado da cabeça aos pés; o meu amigo engoliu uma gargalhada e  balbuciou "Peanuts? That's a good aswer..." E por ali ficámos a falar da campanha das presidenciais nos USA, dos desaires do governo na Venezuela, da visita do Papa Francisco ao México... Blá-blá-blá completamente alheados do ambiente circundante abençoado por S. Valentim. A dada altura olhei para o relógio e achei por bem fazer uma breve chamada  para dizer ao meu filho que não tinha desaparecido em combate; enquanto desligava o telemóvel  o meu amigo chamou o empregado e pediu-lhe uma folha de papel, de um bloco de notas servia.  Sacou da caneta e começou a rabiscar com alguma hesitação, tentando lembrar-se de alguma coisa. Quando acabou, sem uma palavra, estendeu-me a pequena folha de papel ; era um pedaço de um  livro de Guimarães Rosa, em português, sem erros


Li, reli e perguntei: "Sabes de cór textos em português?" Explicou-me que uma das formas que usava para fixar vocabulário e construção correcta era traduzir pequenos textos de que gostava e memoriza-los; pausou, sorriu e rematou: "Está a ficar tarde, queres jantar?", "Hoje não, respondi, tenho um adolescente esfaimado em casa, estás cá amanhã? «Há qualquer coisa no ar além dos aviões» (Guimarães Rosa)"

UMA CAVALGADURA COM CASCOS E CORNOS

 Não se me oferece grande coisa a dizer sobre o assunto, é mais do mesmo, do que sempre foi escalado pela impunidade, pelos seguidores da seita que destilam ódio e vão para casa a sentir-se gente e pela cáfila que vende a vergonha a troco da cadeirinha no Capitólio mas vale a pena deixar aqui registado, não vá alguém esquecer-se ou dizer que "não foi nada disso que aconteceu"

VIDEO ABAIXO:

«...por exemplo, damos todos esse dinheiro, já estamos na Ucrânia há mais de 200 biliões de dólares, e eles podem fazer um acordo com a Rússia nas próximas 3 semanas e de repente já não querem nada connosco e demos centenas de biliões de dólares. E estamos com mais de 200 biliões $ US e as nações europeias, se somadas, custa-lhe 25 biliões $ US (?!?)... Isto afecta muito mais os europeus do que a nós, nós temos um oceano pelo meio, certo? Mas nós estamos em 200 e eles em 250...

.../...

...e eles (países da NATO) disseram, se nós não pagarmos vão continuar a proteger-nos? E eu disse, não, absolutamente; não queriam acreditar na resposta.

.../...

um presidente de um grande país (?)  levantou-se e perguntou, se nós não pagarmos e se formos atacados pela Rússia o senhor proteger-nos-ia? E eu disse, não em absoluto, você não pagou, você é um delinquente ( !!!), eu não o protegeria, na verdade eu encorajá-los-ia a fazer o que diabo quisessem"»

Esta cavalgadura, este bode-maligno com cornos incandescentes, que é sobejamente conhecido por não pagar as contas, usar o dinheiro alheio em contas próprias (e impróprias), este criminoso fiscal já condenado por roubar o seu país, o seu Estado de Nova Iorque, este impostor que foi condenado por vender, na malograda "Universidade Trump", cursos que não conferiam formação reconhecida ou grau algum (falo só do que está provado e sentenciado, para o resto não tenho tempo), chama delinquente a um suposto presidente de um grande país da NATO?

Esta cavalgadura, este bode-maligno com cornos incandescentes, não saberá que a única vez que o Artigo 5º foi evocado foi em defesa dos USA após o 11 de Setembro? E também não percebe que NINGUÉM na NATO paga  aos USA para serem guarda-costas? A besta alguma vez quis saber como é  a inter-relação dos países da NATO em defesa, informação, exercícios, formação, etc?

Nas palavras do Major General Charlie Herbert, ex-conselheiro sénior da NATO para o deposto governo do Afeganistão:

"Creio que o que vemos em Trump, potencialmente futuro presidente dos Usa, é uma claríssima mensagem para as nações europeias de que nessecitam reunir-se e redefinir melhor as suas diretrizes de defesa"

E depressa, digo eu.

P. Ricketts, membro da Câmara dos Lordes do UK, ex-representante permanente na NATO

E as outras bestas que aplaudem, seja lá que barbaridade lhe saia das vísceras, alguma vez serão capazes de pensar sobre o que poderá  acontecerá à sua America Great Again - e ao mundo inteiro por arrasto - se o Bode voltar à Casa Branca (cruzes canhoto)? Pensar? Icékerabom!

Animado, animadíssimo está Putin, ele quer lá saber das eleições na Rússia, as que lhe interessam estão do outro lado do oceano, o mesmo oceano que o Bode evoca como muro de defesa.

E já que estou a deixar registos para eventuais auxiliares de memória cito mais um acabadinho de aflorar:

Os satélites Starlink de Musk (Spacex) estão a dar cobertura aos russos sobre os territórios ocupados na Ucrânia. Quanto vale está amizade? 

Pouca esperança tenho numa Justiça Divina, o mais que me alenta é a possibilidade de uma Justiça poética.

SIR SCOTT

 Ao longo da vida tive 9 cães, e mais 3 que não posso deixar de considerar "meus" como "meus" são os que trago enraizados no coração, que fazem parte do meu pequeno círculo íntimo, tenham patas ou pernas; soma feita são muitas patas e algumas pernas. Através dos anos, e dos cães, cada um com uma personalidade diferente do outro, uma coisa aprendi com carimbo de "Certeza Absoluta": nenhum cão substitui outro. Também aprendi que a melhor forma de lidar com o vazio que a morte de um cão deixa na nossa casa e com a saudade que nos pesa a cada momento de ausência, é arranjar outro cão tão depressa quanto possível; esse vazio de espaço e de alma, que não conseguimos ignorar, é tomado de assalto por um cachorro recém-chegado. Não substitui, não desrespeita, não remete ao esquecimento mas confronta-nos com a saudável mudança do nosso foco de atenção, de repente tudo gira em torno de um cachorro, queiramos ou não.


Desta vez não foi diferente
Depois da partida do Jazz pesava cá em casa uma calma arrastada pelos cantos; o patas "irmão mais novo" do Jazz não queria comer, levantava-se de noite rondando a casa... E eu... eu consolava-me com os melhores e mais sensatos pensamentos, uma, e outra, e outra vez. O pouco mais de uma semana neste regime de "ainda é cedo" fez-se "em nome de quê?" 

Chegou Sir Scott à família e nunca mais houve sossego.

Link OBRAS
O Scott tem três meses, já feitos em casa, que lhe deram tempo para aprender a fazer os disparates mais rebuscados, para saber mostrar o que quer, e o que não quer, para ser exímio nas chantagens mais eficazes, compreender o efeito de atirar com os pratos quando quer (mais) comida ou água,  apropriar-se de todos os brinquedos (e de tudo o que lhe pareça giro para brincar). 
Tédio? Pois, isso não temos. Acalentamos a esperança de que o bicho acalme quando começar a poder sair à rua, na próxima semana já fará mais vacinas e, passados uns dias, pode ser que as alvoradas sejam um pouco mais tarde e lhe dê a quebra um pouco mais cedo, até lá haja calma, paciência e bom humor


Pronto, curiosos, quando começarmos a passear faço a actualização

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INSUSTENTÁVEL

Indefensável
Imperdoável




JAZZ

 In Memoriam

O nosso Jazz deixou-nos hoje, foram 12 anos de amor puro, de desassossego, de companheirismo e de todas essas coisas boas que só um cão nos pode oferecer sem quase nada pedir. 

Talvez por ser o cão mais pequeno que tive foi mimado para além do superlativo, foi o que mais me deu conta da cabeça, o que tive de desistir de soltar em campo aberto depois de inúmeras fugas, a última das quais me valeu uma caminhada de 8kms sob um Sol abrasador ao longo de uma estrada que fazia contorcionismo; fui salva por meia-dúzia de jovens que vindimavam e o conseguiram apanhar enquanto serpenteava entre as cepas. 
Obediência? Mostrem-me um beagle obediente e mostrar-vos-ei um fenómeno da natureza. E o Jazz não era bem um beagle, era um cruzamento entre um beagle e um foxhound inglês, nascido para correr e seguir uma pista até ao fim do mundo. Não quero ser maledicente, ele obedecia, dentro de casa ou em recinto fechado... Não por ser obediente mas por não ser minimamente estúpido

O nosso Jazz deixou-nos hoje, depois de quase 2 anos de quimioterapia muita dedicação e empenho. Foi irrepreensivelmente assistido pela oncologista Drª. Ana E., uma síntese de competência, de devoção, de experiência e de humanidade. Nunca passou mal nem mesmo menos bem, não apresentou sequelas de efeitos secundários, teve praticamente mais dois anos de vida plena depois do que temi ser a evidência do fim. Se for verdade que todos os diabos têm sorte o meu diabrete não o negou

O nosso Jazz deixou-nos hoje em perfeita paz, em companhia, sem ter passado pelas provações que tantas vezes a pré-morte trás

Meu querido Jazz, espero que encontres os teus amigos lá no céu dos cães, que deve ser o melhor dos "céus"; se depender de mim voltaremos a encontrar-nos




SEM LIMITES

 Faz tempo que o designo por "Bode Maligno", faz tempo que digo que atravessamos um "reinado do maligno", querendo com isto significar que o consciênte colectivo atravessa uma fase de vigência crescente de tudo quando é mau, tolera-se o desrespeito pelos mais básicos limites como se fosse normal, é assombroso. A irracionalidade vigora como se a sociedade global fosse constituída por seitas lideradas pela mentira, pela disseminação do ódio, sendo a ignorância dos factos a maior prova de lealdade que se pode prestar a líders venerados como deuses: Trump, Putin, Kin JongUn, Xi...

Abaixo está o último anúncio de campanha do dito no final do qual, ou muito me engano ou prepara a ascensão do seu primogénito à Casa Branca dando continuidade à "sagrada dinastia" . 

Não teço comentários, para quê?

2024, A INCÓGNITA

 Por mais estrondosa que seja a Passagem d'Ano -  desta vez passei-a de forma pacífica e sossegada, estritamente em família e, abraços à parte, creio que o momento mais alto terá sido o magnífico fogo de artifício de Londres que tem a vantagem de ser o único à mesma hora de Lisboa mas sem o "banho Tuga" e as mini-entrevistas deprimentes no Terreiro do Paço - só me convenço de que um novo ano está a começar quando chega o Dia de Reis, quando deixo de ouvir "Feliz ano Novo" a cada passo, quando as luzinhas se começam a apagar e o bolo rei deixa de nos ser impingido em grandes tabuleiros à beira de qualquer inocente café. 

Ontem fiz uma deslocação prolongada e pouco mais tinha para me ocupar durante esse tempo do que as minhas congeminações e solilóquios silenciosos. O mote? 2024... Não se me aparenta muito auspicioso... 

Desde que Putin começou a ameaçar ataques nucleares a coisa tem vindo a piorar a passos largos. Não as ameaças de Putin, esse é diabólico, não estúpido, mas o termómetro do ponto de ebulição mundial tem vindo a subir, a subir... Como se não bastassem as crises migratórias, a regressão económica pós-Covid, a destabilização social, económica, política e de segurança da Guerra na Ucrânia, a crescente ocupação terrorista da África, a ameaça expansionista de uma China em declínio, as taras megalómanas da Coreia do Norte, a obtusidade que reina no partido republicano nos EUA, a rematar o último trimestre de 23 deu-se aquele selvático ataque terrorista a Israel que descambou naquela barbaridade genocida em Gaza. E mais além? O Líbano está na calha... O Mar Vermelho na ordem do dia...  A Síria não conhece paz e o Iraque é um alvo adiado. 2024 estreia-se com um ataque terrorista no Irão... Abstenho-me de comentar.

Deparamo-nos com uma variedade de desafios que têm implicações drásticas para a democracia e a estabilidade de uma paz trémula. O mundo enfrenta  ameaças às instituições, aos valores democráticos, aos mais básicos direitos humanos, ao direito internacional, enquanto o  autoritarismo, a diminuição do espaço cívico e a desinformação disseminada conhecem alguns dos seus melhores dias.

2024 será  ano de uma avalanche de eleições, quase 80 países irão a votos, votações umas mais reais do que outras. Começando em Taiwan, onde de hoje a uma semana se joga a posição face à China, segue-se a Rússia que já tem vencedor, a menos, talvez, que o czar caia nas escadas do Kremlin do primeiro ao último degrau. Também Portugal irá a votos - o que só terá grande interesse para os portugueses e alguma relevância para a U.E. - segue-se a India onde não se preveem grandes alterações. No Reino Unido a coisa não será pacata, terão de ser marcadas eleições até Janeiro de 25, aguardemos. A África do Sul e o México poderão trazer surpresas; acabando nos EUA, onde vai a jogo tudo e mais alguma coisa;  no meio disto tudo há que considerar as eleições europeias, às quais demasiados não ligam e que a todos dizem respeito.

É absolutamente claro que o mundo passará por profundas transformações: as mudanças económicas, os avanços tecnológicos, as alterações político-sociais irão moldar a nossa situação global.  Os desafios cada vez mais óbvios das alterações climáticas, a desigualdade social e a agitação política terão de ser enfrentados com uma consciência arguta e adulta: as mudanças que atravessamos exigem colaboração e soluções inovadoras. A divisão crescente e o regressismo obsoleto e obtuso não deixam transparecer grandes esperanças. Que não falhe o propósito e não falte a coragem

Por agora dou graças pelo que tenho, pelo fim de ano pacífico e acolhedor que para tantos seria um luxo, um sonho. Que assim permaneça na alvorada do próximo ano


VOTOS DE ANO NOVO


 Que todos os Mr, e Ms, Scrooge do mundo tenham encontros com os seus fantasmas passados, presentes e futuros todas as 366 noites do ano ( sim, 2024 é bissexto)

Agora que o Costa foi embora que leve com ele o Santos e todo o nepotismo instalado, a cáfila corrupta, os boys, as girls e os jobs da treta ; quanto ao outro tenho de esperar por 2026.

A paz mundial, claro, para que as "Misses" de todos os tempos vejam finalmente os seus sonhos realizados. E eu também ficava contente, confesso.

Que o Trump tenha o pior ano da vida dele e desapareça, seja lá como for.

Que o Putin tenha o pior ano da vida dele e caia pela escadaria do Kremlin a bater com a cabeça em cada degrau e depois lhe deem um cházinho daqueles...

Que Zelensky, Navalny, A. Massoud e todos os que têm empenhado as suas vidas pela liberdade e dignidade dos seus povos, líders e anónimos, vejam as suas causas florescer e vingar.

Que Netanyahu e os seus comparsas passem o resto dos seus dias a ver, na TV, a constituição do Estado da Palestina.

Que o povo de Israel reveja a sua história recente - séc.XX - vote em conformidade e possa viver em paz.

Que Xi veja a sua salvação no anarcocapitalismo permitindo-se lembrar que, se continua com aquele mau feitio, Taiwan será a "nova Ucrânia". ..

Que os terroristas islâmicos entrem todos no paraíso.

Os terroristas não islâmicos se encontrem com os islâmicos no paraíso

Que a ultra-direita se agregue com a esquerda-radical e vão, nas naves de Musk, colonizar Marte e por lá fiquem a lixar-se uns aos outros (e levem o Musk, claro) .

Que Justiça se passe a escrever sempre com maiúscula e que Portugal seja pioneiro.

E...

Que todos os idosos possam viver os seus últimos anos de acordo com a dignidade com que viveram a sua maturidade.

Que os gajos que batem nas mulheres sejam todos apanhados numa esquina e que levem um valentíssimo enxerto que culmine numa violação feroz (não, nunca nenhum gajo me bateu mas a coisa enoja-me).

Que todos os gajos e gajas que maltratam crianças, seja de que forma for, sejam apanhados numa esquina e que levem um valentíssimo enxerto que culmine numa violação feroz (não, nunca fui maltratada mas a coisa enfurece-me).

Que todas as associações que cuidam, de facto, de crianças tenham os meios económicos e humanos para o fazer.

Que todos os gajos e gajas que maltratam animais, seja de que forma for, levem um valentíssimo enxerto e sejam fechados numa jaula uns com os outros.

Que todas as associações que cuidam, de facto, de animais tenham os meios económicos e humanos para o fazer.

Que a comida que existe no mundo seja melhor distribuída; já agora que os tais 1% tenham mais consciência moral e que a percentagem aumente exponencialmente.

Que os solos aráveis sejam arados e não se tornem campos de golf ou outras maluqueiras, que deixem de ser alcatroados como se não houvesse amanhã.

Que os meios clínicos - técnicos, estruturais e humanos - sejam disponibilizados a todos os seres em função da gravidade e sofrimento inerentes à sua condição.

Que a Educação e o desenvolvimento cultural sejam entendidos como bens de primeira necessidade à evolução da espécie humana e não apenas "direitos fundamentais" declarados mas sempre adiados

Que a sorte proteja os audazes e desnude os cobardes, que ilumine os solidários e confronte os egoístas.

E todos os outros desejos, ideias e sonhos que só me assaltam quando estou quase a adormecer.

Um 2024 pacífico, benévolo, consciencioso e humano para todos vós que sois boas pessoas; Os outros... Que evoluam, amadureçam, empatizem... ou desapareçam.

POR DEUS, FAÇA-SE SILÊNCIO

 Não tenho palavras para este Natal;

Em 2022 o Natal foi difícil, as imagens do Natal na Ucrânia caíam-me como pedras de gelo mas havia um desfasamento de quase uma quinzena de dias entre o Natal católico romano e o ortodoxo, de alguma forma conveniente as emoções diluíam-se. Este ano, 2023, os ucranianos passaram a celebrar o Natal a 24/25 de Dezembro quebrando de vez todos os laços com o patriarcado russo

Este ano... Não tenho palavras para este Natal: muito sofrimento, muitas crianças no escuro, sem família, sem nada do que tomamos por certo

Este ano é quase pecaminoso que se celebre o Natal em festa no mundo, é quase uma traição ao espírito do Natal, à mensagem de Jesus. Como gritou bem alto o Papa Francisco «Todos, todos, todos». TODOS não é "Alguns".

Alguns de nós, melhor ou pior, com mais ou com menos, temos Natal, outros nada têm, nada, NADA.
Muitos ajoelham-se em adoração a um menino, a uma menina, a milhares de crianças que já não respiram...

Não tenho palavras
Expresso-me por imagens, como esta:


E se Jesus nascesse em Belém em 2023?

Sobreviveria?

Sobreviveria a hoje, Dia de Natal , o mais mortífero dos dias desde o início da guerra? Sobreviveria aos raptos, a ser feito refém, às bombas? À fome? À desidratação? A não ter onde e como tratar os seus ferimentos? A infecções respiratórias e gastro-intestinais que abrem uma segunda frente de batalha para a qual não há quarteis, munições nem combatentes que cheguem? Sobreviveria ao ódio?

Não tenho palavras, expresso-me pelas palavras de outros

Papa Francisco - Belém - 25 Maio, 2014

Em Belém o Papa Francisco referiu-se diretamente ao "Estado da Palestina" e apelou a ambas as partes para que tenham a coragem de forjar a paz.

«Durante décadas, o Médio Oriente conheceu as consequências trágicas de um conflito prolongado que infligiu muitas feridas difíceis de curar. A situação tornou-se cada vez mais inaceitável. Mesmo na ausência de violência, o clima de instabilidade e a falta de compreensão mútua produziram insegurança, violação de direitos, isolamento e fuga de comunidades inteiras, conflitos, carências e sofrimentos de todo o género.»   -  Vídeo abaixo 


Papa Francisco - Vaticano - 2023 - Vídeo abaixo










Rev. Dr. Munther Isaac,  Pastor da Igreja Evangélica Luterana de Natal de Belém 
Manhã 24 Dez. 2023 - Vídeo abaixo
(Publico parte do vídeo original por uma questão de tamanho - "megas" - o original encontra-se  AQUI)


Faça-se silêncio,
sobretudo onde vocifera a batalha


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Por último e para que fique claro, muito claro, em nenhum momento duvido de que o Espírito de Natal esteja vivo na maior parte da humanidade, cristã ou não, mas a sua celebração nem sempre é hora de festa; agora sinto-a como hora de reunião, de solidariedade, empatia e, para muitos, de oração.
É, sem dúvida, hora de dedicar a nossa reflexão àqueles que estão num vácuo humano, num limbo entre a vida e a dissolução;  é, sem dúvida, uma hora de gratidão pelo muito que temos, ainda que a demais possa parecer pouco
E ao abraçarmos os nossos mais queridos que tenhamos presente a bênção que chove sobre nós, essa verdadeira prenda deste Natal
Como tantas vezes digo, temos a obrigação de ser testemunhas do nosso tempo

O MANTRA

 Durante o Verão de 2019, que antecedeu as presidenciais nos EUA, referi algumas vezes em conversas com uma ou outra pessoa, daquelas que, como eu, gostam de misturar política com um café ou um almocito em tête-à-tête, que se Trump perdesse as eleições iria promover uma insurreição civil em Washington na tentativa de um golpe de Estado (O que ele gostaria mesmo seria de uma guerra civil ou, no mínimo, uma insurreição civil e militar. Pois, mas isso seria o que ele gostaria). Na altura vi no olhar dos poucos interlocutores a quem ousei a expor as minhas convicções um "mas que exagero...", aos mais simpáticos... 

E depois veio o absurdo materializado na loucura feroz do 6 de Janeiro...
Nem nos meus "exageros" inconfessos acreditei ver tanto quanto o que todos vimos

2023 - Nesta altura já está "na estrada" a campanha republicana para a escolha do candidato às presidenciais 2024 e, por estranho que pudesse ser num mundo coerente, Trump lidera com vantagem o pequeno pelotão da frente. Mas uma coisa é ganhar uma nomeação para candidato a presidente - o que seria inconcebível no tal mundo coerente - outra é ganhar as presidenciais; e Trump sabe disso, muito bem, empiricamente. Precisa de se precaver, ser mais eficaz na angariação de néscios. Aqui aplica-se aquela sábia máxima "Quem vai para o mar avia-se em terra". Se Trump ganhar as eleições  (que todos os conjuros do universo nos protejam)  ganhou, se perder... também ganhou, como sempre

Ahhh, mas...

Mas desta vez Trump está a arrecadar "munições" atempadamente. Desta vez prepara uma guerra civil começando por onde é mais difícil arquitectar, pelas mentes dos mais ignorantes americanos (e são muitos). Infelizmente não é só nos slogans nem nos longos discursos inflamatórios nos quais a Verdade não tem visto de entrada, é na mais crédula adesão dos seguidores do seu culto, apaixonados e irracionais. Não me refiro à cáfila de políticos que nada mais quer para além de um lucrativo lugarzito ao Sol onde os seus egos se possam banhar, refiro-me aos "zés" e às "marias" lá do sítio, cegos e surdos a tudo o que não seja comunicação e "informação" aprovada pelo líder da seita

Oxalá fosse um exagero meu mas basta olhar com olhos de ver; os comícios, as hostes manifestantes, empunham o mantra destinado a infiltrar nas suas cabecinhas isoladas da realidade que: "Se for preciso morrer para defender o que queremos (leia-se, o que o líder quer) aqui estamos, morreremos para libertar a  América", e o líder se se atreverem a condena-lo criminalmente.

Trump precisa ser presidente não só para saciar a sua sede de vingança - ele próprio o disse, "Eu serei a vossa vingança" - como para se esquivar a múltiplas penas de prisão. 

E... Para isso 4 anos não lhe chegam. 

Não digo mais, se uma imagem vale por mil palavras deixo-vos menos de 1 minuto e meio de imagens bem eloquentes. 

Mais abaixo fica uma outra imagem a que não resisti, não pretende lavar os pequenos cérebros, é apenas a desejada projecção de um cérebro nada lavado 

(Anexo o link de onde a tirei, se o visitarem não deixem de clicar na caixa "TRUMP VIP TOURS"")


Por menos de 20 dólares podemos ter uma bandeira com a fotografia do Don.Padrinho, tão bom!

LINK: The Official Home of Trump Won | Trump Swag





O MISTÉRIO DO DOSSIER DESAPARECIDO

 Finalmente "O Mistério do Dossier Desaparecido" veio a público, foi precisa uma persistente investigação jornalística da CNN e um artigo de fundo no New York Times para se falar nisso, e o "isso" não é coisinha irrisória: são vidas, fontes, métodos, cadeias de transmissão e, em última análise, a forte probabilidade de uma traição de segurança, nacional e internacional. Talvez fosse melhor estar no segredo dos eleitos... Sobretudo se forem re-eleitos...

Estava num cofre, dentro de uma caixa-forte, no quartel-general da CIA em Langley

Soou o alarme quando profundas preocupações do actual governo e da comunidade de Inteligência e Segurança pediram um briefing ao Comitê de Segurança do Senado (presidido pelos democratas) em 2022:  os documentos que compunham o dossier de Inteligência relativa à investigação com o nome de código "Crossfire Hurricane"  de-sa-pa-re-ce-ram. Sumiram sem deixar nota de despedida. Desvaneceram-se. 

O dossier da "Crossfire Hurricane", com mais de 2 700 págs, 10 polegadas de altura (+-25cms) contém (ou, nesta altura,  talvez seja melhor dizer continha) Inteligência sobre e da  Rússia, informação sobre as acções desencadeadas com o objetivo de eleger Trump em 2016; mandatos e transcrições de escutas e mensagens, formulários de Segurança Nacional...  E as mais sensíveis informações da comunidade de inteligência, americana e dos mais próximos aliados da NATO sobre influencia, contactos e procedimentos próprios e da rede russa

A coisa começou assim:

 (Doc. anexo - Original link)
 A 20 de Dez., já nos dias finais da sua presidência, Trump disse que queria desclassificar alguns desses documentos (até 17 Jan. , 4 dias antes da tomada de posse de Biden) para provar que toda a investigação sobre interferência da Rússia nas eleições de 2016 era um logro.

Como iam ser analisados para desclassificação, e apesar desta análise ser da competência do Dep. de Justiça,  os dossiers foram transportados para a Casa Branca e por lá estiveram, foram vistos e revistos por sabe-se lá quem, o que só por si é assustador se tivermos em mente o absoluto desleixo em que foram encontrados os documentos secretos em Mar-A-Lago e as exibições que Trump fez de alguns destes documentos a convidados, até estrangeiros.  

Mark Meadows, o fidelíssimo e último chefe-de gabinete de Trump, foi um dos sujeitos que mais manuseou o dossier na Casa Branca e foi visto a fazê-lo por quem o assessorava; Cassidy Hutchinson, secretária de Meadows, que depôs perante a Comissão de Investigação ao 6 de Jan.,  viu Meadows entrar no seu automóvel com o dossier original Crossfire Hurricane - sem qualquer conteúdo "redigido" (censurado) -  debaixo do braço e ficou a perguntar-se onde iria ele com "aquilo" 

Mark Meadows entregou alguns documentos classificados ao departamento de Justiça alguns MINUTOS antes de Biden assumir a presidência, mas não o dossier. Os seus advogados declararam à CNN que : «O senhor Meadows está absolutamente ciente e em concordância com o requerido para o tratamento de material classificado e entregou todo o material que tinha em sua posse. Qualquer sugestão de que seja responsável pelo dossier desaparecido ou outros é absolutamente errada»

 A publicada intensão de desclassificar parte do conteúdo do dossier sobressaltou gravemente as  Inteligências aliadas que de imediato preveniram de que seriam assassinadas várias pessoas, fontes e agentes, para além da crítica divulgação de métodos, caso tais informações fossem divulgadas. 

Trump disse que iria divulgar mas não o fez. Por que o disse, escreveu e requisitou? Aqui a trama adensa-se...  (Doc. anexo - Original link)

Obviamente nunca pretendeu fazê-lo mas declarar tal intensão foi sem dúvida a forma mais fácil e menos indiscreta de apanhar os dossiers fora da caixa-forte de Langley. 

E quantas cópias existem? Segundo a investigação da CNN, já independentemente corroborada, múltiplas cópias foram feitas durante as últimas horas da presidência Trump com o objectivo de serem distribuídas a alguns congressistas republicanos assim como a alguns jornalistas ultra-direita. Talvez o camarada Steve Bannon tenha visto passar alguma ou o entusiasmante Tucker Carlson,  tudo gente séria e muito patriota. E Roger Stone, terá tido direito a alguma? Merecia...

Um antigo assessor de Trump para a segurança nacional, quando inquirido sobre a sua reacção  ao conhecer o conteúdo do dossier foi sucinto mas claríssimo na sua resposta: “Holy cow.”

Terá alguém entregado os dossiers à Rússia? (Pode lá ser... 😎)


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SENSIBILIDADE E BOM SENSO

A Concha foi minha colega no liceu, um pouquinho mais nova do que eu não tínhamos grande proximidade diária  mas... Mas a Concha é a irmã mais nova de um colega de turma, de vários anos, o meu amigo Rui (e era sobrinha de um dos meus mais próximos amigos de liceu e fora dele) ; os irmãos mais novos dos nossos amigos são gente sobre quem temos olhos atentos e braços abertos, pelo menos no nosso liceu era assim e com a Concha era fácil, uma ternura de miúda, é ainda um doce de pessoa.

Já não me lembro bem de quando terá sido, creio que pelo início de 2022 (mas posso estar enganada) a Concha começou a publicar umas fotografias de esculturas cerâmicas feitas por ela. Mãe, e avó, de grande família, mulher de armas, de repente transbordou a sua alma inequivocamente de artista. De alguma forma não me surpreendeu, desde sempre que nela se intuí uma sensibilidade muito além da média. 

O seu trabalho, as suas criações, têm um cunho pessoal diferente de todas as outras, são claramente originais na sua essência, não se confundem com cópias, estilos ou remakes e, penso eu, a originalidade é a primeira característica que distingue um artista de alguém com "jeitinho" que tem um hobby; a segunda será a sensibilidade. A Concha pode esbanjar ambas. 
Ainda muito no princípio, face a uma fotografia que publicou, que já não saberei identificar, disse-lhe: "Está na altura de registares a tua marca antes de que comecem a copiar-te". Ela com a mais autêntica humildade respondeu-me: "Achas? Oh... Tu és mesmo minha amiga..." .  Até hoje só não sei onde foi ela buscar a dúvida 😊

Não muito tempo depois, ainda em 2022, creio que em Setembro, a Concha fez a sua primeira exposição, sei que fruto de muito trabalho e garra. Já não me lembro porquê mas não pude ir. Outras se seguiram, algumas há bem pouco tempo mas as bruxas andavam à solta e, com sincera pena, também não fui.

Hoje, dia 14, lá mais para o fim da tarde será inaugurada uma nova exposição de trabalhos seus no Museu do Oriente e por lá ficará até 25 de Fevereiro. Quero lá saber que chovam picaretas, já tarda para lá da demora atrasada.

Passem por lá, aposto que não irão dar o tempo por mal gasto